"Se a tua dor te aflige, faça dela um poema!"

Pois é.

Parece que desde a hora que abri a janela pela manha o ar já assoprava de uma força, tendo a sonoridade revelando que tudo mudara, sem importar, pensei que fosse conversa fiada da própria cabeça.

Mas os enfeites pelo o corpo estavam mais visíveis, como se fosse para ser notado e mesmo que não tenha sido causou algum efeito dentro de mim. E quando se muda por fora o propósito maior é transformar por dentro e transparecer tudo isso parar os outros...

Revelo aqui que talvez já estivesse acontecendo algo desde algum tempo atrás, mas fingira não perceber (ou saber) apenas para evitar dores.

Penso: Que precipitada!

Ah! O olhar pode revelar tanto das pessoas. E mesmo que a boca falasse ou o sorriso demonstrasse incertezas dizendo: Talvez! Quem sabe? Te aviso então, ok? O que o olhar queria dizer era totalmente ao contrário. Dizia com certeza que: Sim! Estou pronta para dançar várias horas com você logo mais a noite!

A tarde foi despreocupante, ou não. Dentro da gente, por mais que não queiramos demonstrar até para nós mesmos e para os outros, sentira tanto o frio na barriga que com as mãos se encostasse em alguém poderia congelar a circulação.

A noite parecia bem mais estrelada do que as passadas, fresca, leve...

E ao encontro de multidões naquele centro, todos pareciam se sentir tão bem quanto a mim. Felizes, saltitantes e até sem motivos reais, ou por simplesmente estar ali, cada um dividindo com o outro o pedacinho do céu.

Já não contava nem mais as horas, apesar de necessário, tudo acontecia fluentemente, como tinha de acontecer e isso era o máximo. Encontrei conhecidos. Que bom rir com alguns deles. Aliás, é sempre bom não?

Agora começara a entrelaçar os fios dos quais faltava estar bem junto.; Encontrei-me finalmente com o esperado e inesperado.

Tensão. Essa era a palavra que se resumia dentro do meu ser. Podia até estar com vários sentimentos mais nenhum chegara aos que viriam...

Um casal de amigos me deixaram ali na porta, foi quando disse a mim mesma: É agora ou nunca!

E era mesmo a hora.

Entrei no bar, sozinha e Deus como diria alguns. E por lá encontrara somente colegas, de até longa data, porém pouca intimidade, digamos.

Fui em frente (um suspiro.)

Sorri, pedi uma cerveja, tão pouco gostava naquela época, estava à beira de um ataque de nervos que quase me rendi a um cigarro, do qual havia uns meses largado. Mais logo me rendi, de coração aberto para um chamado de ouvir o blues que ali tocava. Ah, foi daí que a minha admiração por esse som aumentara, tudo conspirava. Disse que sim e fomos estão. Aquela música soava como vozes de anjos de tão bela e encantadora (já conheci um anjo por isso a certeza.), até que chegou a um ponto que toda multidão não existia ali a música já não tocava, só continuara duas pessoas, eu e o motivo pelo qual me sentia livre e presa ao mesmo tempo.



Incrível, mais não posso explicar em detalhes.



Eram danças descoordenadas. Engraçadas até. Nunca me sentira tão bem assim! Risadas entre cada palavra, cada acorde, cada passo, a cada toque e foi em momentos de segundos que tudo se transformava intenso, surpreendente. Não se sabe se recíproco nem mesmo se tudo isso continuara por mais uns dias, semanas, não cabia ninguém saber, porém, não importava. O que importava mesmo era o instante gracioso e que se tornara inesquecível.


Concentrei- me naquilo!


A conversa paralela deixava brechas das duas partes. E tudo era motivo para graça, talvez o que acontecia fosse novo ali (era sim!) e isso se tornava tudo especial apesar de simples.

Que magia era aquela?

Surgiu assim então...