Número Seis.
Quero seis filhos que tenham nomes de
Francisco, Alícia, Antônia, Bento, Allegra e Benjamin.
Comprarei uma casa que tenha corredores,
onde possamos brincar de pique- esconde;
enquanto falo para escovarem os dentes para
ir pro colégio, depois que comem.
Fecharei todas as cortinas para que o sol não
estrague a mobilha.
Chegarei do trabalho depois de buscar as crianças,
e o sol estará se pondo, como era na infância.
Aquela luz baixa aconchegando o nosso lar,
mal posso esperar.
Planejarei o viveiro que sempre quis,
que estivesse por lá.
Estavam bem, sentados.
Acabei de chegar em casa.
Estava um vento forte lá fora, porém, agradabilíssimo. Na ida, só pensava no bilhete que teria de comprar para o cinema, depois, com o decorrer da música tocando no carro os pensamentos foram aflorando até chegar não pensar em nada.
Veio um silêncio de dentro, o locutor da rádio disse que eram 21:26.
Passei em frente o parque. Vi a lagoa.
A música continuava a tocar; admiro cantoras de voz rouca, fica tão sedutor.
Mas adiante vi um casal, estavam sentados um de frente para o outro e num piscar de olhos vi o rapaz dando a sua garota um sorriso tão bonito que me fez ganhar o dia.
Acabei de chegar em casa. Ainda estou sorrindo!
Vinte.
Sentou na varanda sozinha, enquanto a chuva caía pensava, embora balançasse a cadeira antiga deixada de lembrança pelo avô. O vento batia fresco no rosto, deixando a respiração profunda e tão límpida como havia de ser.
A estação caiu como uma luva. A chuva veio parando e o sol voltava de conjunto com um arco- íris deslumbrante. Acontecia que era um ciclo vicioso, e cada gota na folha do pé de goiaba caía lentamente uma na outra e assim molhava o chão.
Sentia-se no paraíso.
Agradecia em silêncio todo aquele privilégio. O cheiro das flores que agora estavam encharcadas reinava sobre o ar, perfumando até a última narina que respirava durante a tarde toda. Seu coração antes perturbado, havia se acalmado.
Sorriu.
Soltou uma gargalhada e não acreditava que até então se contentava com aquela simplicidade que aguçava e adoçava cada vez mais sua felicidade. Respirou bem fundo novamente, abriu bastante os olhos como se estivesse decorando tudo que via e sentia.
Fotografou num só olhar; bastou.
Fechou os olhos, a cadeira já não balançava, estava bastante concentrada, pois não queria passar tudo vivido para o papel e ser esquecido na ponta de qualquer lápis. Apertou os olhos como se tivesse derrubado pimenta bem ardida.
Estava em paz.
Lembrou-se que era primavera então. Percebeu que faz vinte bonitas primaveras que sorri o mais sincero que pode.