"Se a tua dor te aflige, faça dela um poema!"

Despida.

Fui capaz de andar sozinha por semanas. Ora um alívio, ora um martírio. Mas é certo que deu tempo de pensar em muito que ainda não havia pensado ou que tinha passado por reflexos na mente. Dizem que é precipitado falar antes de pensar, agir antes de pensar e de pensar antes de amar. É tão fácil mesmo com todas as minhas crenças a frente de horas complicadas me perguntar “cadê o protetor do qual venero pra todos? Deus às vezes parece se esquecer tenho até medo em dizer...”

Parei para tomar café. Cheguei fechar os olhos com a impressão de sentir melhor o aroma que entrava em minhas narinas que de tão profundo chegava a minha mente, me trazendo recordações tão antigas quanto o que já sentira algum dia.

Degustei aquele momento por uns bons minutos fazendo- me atracar em medos que há tempos não sentira mais que agora era bom sentir. Parece louco! Consegui reviver várias partes, ali sentada naquela varanda de bar aconchegante que parecia estar na casa da vovó, junto dela ouvindo as histórias tristes e gostosas de serem ouvidas. Poderia passar a vida ali. Porém resolvi levantar e caminhar um pouco sentia- me bem estar sozinha porque queria e senti o vento batendo fresco nas maçãs do rosto, aquilo sim era vida, sensação rápida e tão penetrante como aquela só sentira há anos atrás.

Foi se escurecendo, o sol ia se pondo deixando o céu cheio de cores vivas, intensas, quase escuro inesquecíveis para o momento. Encontrei um lago, sentei- me na grama, uma grama verde e fofa que dava dó de feri-la. Concentrei-me no horizonte que puxava- me como um ímã tentando tirar de dentro do meu peito e da minha mente todos os meus segredos, todos os meus medos e alegrias, senti vontade de contar já que só havia aquele pôr- do- sol, a água, a grama, o ar pura e a mim. Senti-me a vontade. Deitei- me ali mesmo. Esperei as estrelas brilharem para mim e contei todas que consegui, foram muitas e para cada uma que brilhava contei um segredo. Acho que algumas chegaram a rir dos meus medos. Gostei da minha companhia, finalmente. Agora era necessidade repetir a dose. Dias e dias se passaram e repetidamente enviava para os céus as perturbações do meu mundo, sentia- me mais aliviada, feliz por não me sentir sozinha. É tão constrangedor descobrir que fatos tão simples fazem de cada hora do dia ser uma vida fabulosa, quero me encontrar com elas todas as noites, assim despida de mim.

4 comentários:

  1. Sendo as histórias, estórias ou não eu gosto de me ver nelas e cada lágrima que derrama a personagem do texto, consigo derramar junto!

    continue escrevendo...

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  2. EU QUEROOOOOO VIVER ISSSSSSSSSO GAROTAAAAA! HAHAHAHAHHAHAHAHAHA

    pra caraleo tudo que você escreve. parabéns!

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  3. foto e texto compartilhando de um bom gosto!

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